Descrição
Ministrado pelo Prof. Dr. Douglas Rodrigues Barros
Graduado em filosofia pela Universidade Federal de São Paulo UNIFESP (2012). É mestre em estética e filosofia da arte com a dissertação O Jovem Lukács e Dostoiévski (2015) e doutor em ética e filosofia política pela mesma com a tese Hegel e o sentido do político. Tem experiência em filosofia. Com ênfase em ética, estética e filosofia política. Investiga principalmente a filosofia alemã conjuntamente com o pensamento diaspórico de matriz africana e suas principais contribuições teóricas no campo da arte e da política. Atua nos seguintes temas: literatura, teatro, filosofia política, filosofia do direito e Estado. É escritor com três romances publicados e autor dos livros Lugar de negro, lugar de branco? Esboço para uma crítica à metafisica racial e Racismo.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/3096579555934934
Ementa
Quando entendemos a guerra argelina, entendemos também o desfecho e as escolhas conceituais de Fanon. Entendemos o motivo pelo qual a ideia de nação, o papel dos camponeses e o papel da violência ganham uma dimensão extraordinária em seu pensamento. No livro Os condenados da terra, Fanon está, ele próprio, condenado à morte – uma doença, a leucemia, lhe põe, ao alcance das vistas, um horizonte de fim próximo. Ademais, não se pode esquecer que há ainda a condenação do racismo. Impávido, porém, ele observa as mudanças radicais de sua época e acompanha o movimento de libertação na Argélia mobilizando alto arsenal crítico. De modo que se quisermos atravessar a sua provocativa encruzilhada, em primeiro lugar, precisamos observar a monstruosidade cometida pelo império francês que perpetrou diversos crimes contra a humanidade; operacionalizou massacres e incitou o linchamento de crianças e mulheres; em segundo lugar, é preciso entender a passagem da análise clínica para a formação do sujeito político no desdobramento teórico que efetiva para abarcar os processos revolucionários que se abriam à sua época no continente africano. Esse é o intuito basilar de nossos encontros.
Nossas leituras e encontros tem por objetivo se debruçar no arsenal de Fanon e refletir sobretudo no aspecto da violência institucional; desde a naturalização da troca de mercadorias através da expropriação do trabalho, e organização dos espaços de visibilidade do consumo pelo dispositivo racial, até a tentativa de romper com essa violência normativa. A violência pode e deve ser entendida como uma organização que possibilita a própria manutenção de um certo ordenamento social que, organizado pelo colonialismo, jamais deixou de reproduzir sua visão de mundo. Buscaremos, portanto, desmistificar o lugar da violência para pensar sua produção cotidiana. Esse passo será decisivo em nossa jornada.
Nesse sentido, o curso será divido em temas próprios à violência tal como pensada por Fanon e as respostas que elabora ao longo d’Os Condenados da terra. Buscaremos apresentar em cada aula o desenvolvimento crítico da argumentação. O material básico é o livro Os condenados da terra sem que haja necessidade de leituras prévias. Trata-se assim de um curso introdutório.
AULA 1 – Bem-vindo a violência fundadora
- A violência da colonização
- Tornaram-me negro
- Negro sou
AULA 2 – O arsenal
- Marx e Fanon
- Nacionalidade, uma necessidade?
- Redescobrindo o para-além
AULA 3 – A violência Simbólica
- A linguagem
- A construção do imaginário
- Para além do colonialismo
AULA 4 – A violência subjetiva
- O fogo
- As ruas que ardem
- Fogo no terceiro mundo
AULA 5 – A violência objetiva
- De Barbacena até Canudos
- Fanon para mulatos
- Black Communism