Fanon e a violência revolucionária: uma leitura dos condenados da terra

R$110,00

Nossas leituras e encontros tem por objetivo se debruçar no arsenal de Fanon e refletir sobretudo no aspecto da violência institucional; desde a naturalização da troca de mercadorias através da expropriação do trabalho, e organização dos espaços de visibilidade do consumo pelo dispositivo racial, até a tentativa de romper com essa violência normativa. A violência pode e deve ser entendida como uma organização que possibilita a própria manutenção de um certo ordenamento social que, organizado pelo colonialismo, jamais deixou de reproduzir sua visão de mundo. Buscaremos, portanto, desmistificar o lugar da violência para pensar sua produção cotidiana. Esse passo será decisivo em nossa jornada.

Formato do curso:

  • 5 Aulas ao vivo online das 19h30 às 21h30
  • Período de 31 a 4 de fevereiro de 2022
  • Aulas gravadas disponíveis por 12 meses
  • Carga horária total: 10h.

 

Categoria:

Descrição

Ministrado pelo Prof. Dr. Douglas Rodrigues Barros

Graduado em filosofia pela Universidade Federal de São Paulo UNIFESP (2012). É mestre em estética e filosofia da arte com a dissertação O Jovem Lukács e Dostoiévski (2015) e doutor em ética e filosofia política pela mesma com a tese Hegel e o sentido do político. Tem experiência em filosofia. Com ênfase em ética, estética e filosofia política. Investiga principalmente a filosofia alemã conjuntamente com o pensamento diaspórico de matriz africana e suas principais contribuições teóricas no campo da arte e da política. Atua nos seguintes temas: literatura, teatro, filosofia política, filosofia do direito e Estado. É escritor com três romances publicados e autor dos livros Lugar de negro, lugar de branco? Esboço para uma crítica à metafisica racial e Racismo.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/3096579555934934

Ementa

Quando entendemos a guerra argelina, entendemos também o desfecho e as escolhas conceituais de Fanon. Entendemos o motivo pelo qual a ideia de nação, o papel dos camponeses e o papel da violência ganham uma dimensão extraordinária em seu pensamento. No livro Os condenados da terra, Fanon está, ele próprio, condenado à morte – uma doença, a leucemia, lhe põe, ao alcance das vistas, um horizonte de fim próximo.  Ademais, não se pode esquecer que há ainda a condenação do racismo. Impávido, porém, ele observa as mudanças radicais de sua época e acompanha o movimento de libertação na Argélia mobilizando alto arsenal crítico. De modo que se quisermos atravessar a sua provocativa encruzilhada, em primeiro lugar, precisamos observar a monstruosidade cometida pelo império francês que perpetrou diversos crimes contra a humanidade; operacionalizou massacres e incitou o linchamento de crianças e mulheres; em segundo lugar, é preciso entender a passagem da análise clínica para a formação do sujeito político no desdobramento teórico que efetiva para abarcar os processos revolucionários que se abriam à sua época no continente africano. Esse é o intuito basilar de nossos encontros.

Nossas leituras e encontros tem por objetivo se debruçar no arsenal de Fanon e refletir sobretudo no aspecto da violência institucional; desde a naturalização da troca de mercadorias através da expropriação do trabalho, e organização dos espaços de visibilidade do consumo pelo dispositivo racial, até a tentativa de romper com essa violência normativa. A violência pode e deve ser entendida como uma organização que possibilita a própria manutenção de um certo ordenamento social que, organizado pelo colonialismo, jamais deixou de reproduzir sua visão de mundo. Buscaremos, portanto, desmistificar o lugar da violência para pensar sua produção cotidiana. Esse passo será decisivo em nossa jornada.

Nesse sentido, o curso será divido em temas próprios à violência tal como pensada por Fanon e as respostas que elabora ao longo d’Os Condenados da terra. Buscaremos apresentar em cada aula o desenvolvimento crítico da argumentação. O material básico é o livro Os condenados da terra sem que haja necessidade de leituras prévias. Trata-se assim de um curso introdutório.

 

AULA 1 – Bem-vindo a violência fundadora

  • A violência da colonização
  • Tornaram-me negro
  • Negro sou

 

AULA 2 – O arsenal

  • Marx e Fanon
  • Nacionalidade, uma necessidade?
  • Redescobrindo o para-além

 

AULA 3 – A violência Simbólica

  • A linguagem
  • A construção do imaginário
  • Para além do colonialismo

 

AULA 4 – A violência subjetiva

  • O fogo
  • As ruas que ardem
  • Fogo no terceiro mundo

 

AULA 5 – A violência objetiva

  • De Barbacena até Canudos
  • Fanon para mulatos
  • Black Communism